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sábado, 22 de janeiro de 2011

Canções Evangélicas...O que houve com elas?



Desde a minha tenra infância, sou um ouvinte da boa música. Lembro-me quando meu pai, o espetacular João Carneiro, ouvia no seu tape-deck, mais conhecido como toca-fitas, pérolas da música popular brasileira como "A Casa dos meus sonhos", na voz de Nélson Gonçalves, ou as belíssimas músicas de Agnaldo Timóteo, como "Meu grito", entre outras. Na radiola, ouvíamos LPs de Roberto Carlos (os prediletos de minha mãe), Erasmo Carlos, Pixinguinha, Fagner. Lembro de um bolachão chamado Viva Jacob, só com chorinhos. Ah! Haviam também os internacionais Greese, dos tempos da brilhantina, e o grande Julio Iglesias, cantando Natali e outros boleros.
Passou-se o tempo e o repertório mudou. Meus pais se converteram e passamos então a ouvir as lindas canções de Oséias de Paula (O Amor é Tudo), Vitorino Silva (Aviva-me, Senhor), Embaixadores de Sião e seu Geração Florida, Grupo Logos (Portas Abertas). Nunca me esqueci dos LPs da Denise cantando "Silêncio" e "Feliz Serás" , ainda criancinha. Jorge Araújo e Eula Paula cantando "Rosa Vermelha", Rildomar, Eduardo Silva, Armando Filho. Lindas canções. Inesquecíveis. Letras impactantes. Marcaram realmente minha vida.
Os anos avançaram. Com o advento dos CDs, ouvi meu primeiro exemplar. Era um álbum duplo da Banda Catedral, febre em meados dos anos 90. Revolução! Era o que eles cantavam. E eu gostava. Falavam de Jesus, mas falavam também da sociedade, criticavam o governo, a religiosidade. Havia conteúdo.
O que dizer do romantismo e das letras marcantes e evangelísticas do Novo Som. Cantávamos muito Acredita, Viver e Não Sonhar, Meu Universo (a predileta do meu pastor), enfim...Que saudade!
O que vemos hoje? Chuva e mais chuva. No Rio, tragédia. Mais de mil mortos, é o que está sendo previsto pelas autoridades, em decorrência das chuvas em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, entre outras cidades atingidas. Contudo, pasmem! Continuam sendo cantadas nas igrejas verdadeiras "Danças da chuva", de provocar inveja em tribos indígenas americanas. Não consigo acreditar que depois de terremotos, como o do Haiti e do Chile, nossos grupos de louvor queiram ainda que um "terremoto vá acontecer aqui". Sem contar os incontáveis recados para "uma noiva que vem", a fim de provocar um frenesi transcedental, numa espécie de mantra, que dá vontade de gritar "CHEGA"! Por falar em dar vontade, dá muita vontade de pular, de gritar, de correr, de dançar quando ouvimos essas novidades da indústria fonográfica. Apenas alegrias externas. Músicas pré-fabricadas para comercialização. Tudo parecido! Na verdade, tudo igual! Músicas vazias. Apenas barulhos. Pedras em latas. Confesso, tá difícil ouvir. Entre os rifs de guitarra e frases de bateria, as frases que realmente importam ficam em terceiro plano. Isso quando aparecem. Realmente, está muito difícil!
Quando não estou compondo, para ver se pelo menos consigo passar alguma mensagem mais consistente através das músicas da Banda Contemplar, prefiro ouvir as antigas. Rebanhão, Sérgio Lopes, Altos Louvores. Ah, não posso esquecer. Ainda prefiro Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Roupa Nova, do que esses enlatados gospel. Há urgente necessidade de uma REFORMA PROTESTANTE MUSICAL! CHEGA DE COMERCIALIZAÇÃO! Que as canções voltem a ter um propósito evangélico, ou seja, que sejam boas novas, e não cantigas malvadas velhas e cansativas.

Só pela graça,

Pr. João Victor

domingo, 9 de janeiro de 2011

Heróis ou humanos?



Há algum tempo venho meditando nesse assunto. Por ser pastor, apesar de jovem, e ministro de louvor desde a adolescência, sempre me vi pressionado por ser além daquilo que realmente eu poderia ser. Ainda na infância, o garoto exemplar das notas exemplares jamais poderia tirar uma nota 7. Isso era uma tragédia! O mais novo numa turma onde todos eram no mínimo um ano mais velho não poderia ousar e fazer nenhuma travessura sequer. Ele era o espelho onde os outros deveriam olhar. Lembro-me das frases ditas por vários professores: "Vocês não querem nada! Só querem brincadeira! Sigam o exemplo do João Victor".
Os anos foram passando e a adolescência chegou. Ah! Agora é hora de se divertir! Baladas, festas, namoradas. Afinal de contas, todos passam pela fase da "aborrescência". É. Eu não. Minha adolescência passei estudando intermináveis madrugadas para vestibulares e, com 16 anos de idade me vi dentro do universo mais complexo que já havia visto: A UNIVERSIDADE. Por que complexo? Quando se entra na faculdade, não existem mais melhores ou piores alunos. Todos são iguais, apesar de serem muito, mais muito diferentes. É um mundo novo. Tudo era diferente. Contudo, todos querem a colação de grau! Querem ser bons profissionais.
Profissão? Aos 20 anos, eu tinha uma. Aos 20 anos eu já era um dentista. Devolver o sorriso para as pessoas era minha meta. Sonho realizado. Mas não seria muito cedo?
O que dizer de casar aos 21 anos. Uau! Que responsabilidade. "Você é o João Victor, o ministro de louvor, é crente, tem que casar logo". Casei. Não simplesmente por pressões, mas por amor. Não me arrependo. Uma nova vida para mim!
Aos 22, Deus me presenteia com o Pedro Henrique, meu filhote. Agora a responsabilidade é ainda maior. "Você é pai de família, João Victor".
É, amigos! Aos 23 anos, recebo, por força maior (e bem maior do que alguém possa imaginar), o cajado de pastor, mesmo ainda sendo um diácono. Deus continua abençoando, gigantes continuam caindo, a harpa ainda continua sendo tocada. A unção era pra ser derramada sobre minha cabeça. Passo de evangelista a pastor. Cuido de ovelhas. Cuido, irmãos, confesso, da melhor maneira que posso cuidar.
Entretanto, nunca seremos o suficiente. E isso é muito irritante. Deixe de falar com alguém ao final de um culto. PERIGO! ALGUÉM PODE SE CHATEAR E SE DESVIAR! Adoeça! PERIGO! O POVO PRECISA DE UM PASTOR PRESENTE! Trabalhe, tenha uma profissão secular, não atenda uma ligação mesmo que esteja com as mãos contaminadas de sangue durante uma cirurgia! PERIGO! OVELHA PODE SE DESGARRAR E ENCONTRAR UM PASTOR QUE LHE DÊ ATENÇAO! E existem vários "pastores de porta de igreja". Perdoem-me a comparação com advogados de porta de cadeia (os advogados não merecem essa comparação). Prontos para orar, para visitar, não os enfermos, não os que precisam de conversão, mas os que tem dízimos para gastar nas suas "igrejas", em sua maioria, resultado de divisões. São ovelhas que já tem pasto para se alimentar bem. Entretanto, isso não importa para os pescadores de aquário que, embora o mar esteja ainda repleto de peixes, preferem as "presas" mais fáceis. E essas ditas "ovelhas", inocentemente caem nos "revelamentos e profetadas" e ainda saem dizendo: "EU FUI PORQUE NÃO TIVE UM PASTOR".
O que as pessoas querem que sejamos? Heróis? Ter super-poderes? Sermos onipresentes? Quase deslizando pela camada dos trinta anos, aprendi algo importante. Nós passamos a vida nos degladiando, numa luta interna, em busca da essência humana que os outros querem arrancar de nós. PRECISAMOS SER HUMANOS! PRECISAMOS SER GENTE!
Não quero aprender a voar, nem soltar teias para pular de prédios, nem muito menos ser revestido de adamantium ou que saiam raios dos meus olhos. Não quero super-poderes. Basta-me o poder que Deus me concedeu. O poder de ser gente. O poder de ser humano! Podem querer o contrário, mas quero continuar humano! Isso me faz feliz! Deus me ama assim!

Só pela graça,

João Victor