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domingo, 9 de janeiro de 2011

Heróis ou humanos?



Há algum tempo venho meditando nesse assunto. Por ser pastor, apesar de jovem, e ministro de louvor desde a adolescência, sempre me vi pressionado por ser além daquilo que realmente eu poderia ser. Ainda na infância, o garoto exemplar das notas exemplares jamais poderia tirar uma nota 7. Isso era uma tragédia! O mais novo numa turma onde todos eram no mínimo um ano mais velho não poderia ousar e fazer nenhuma travessura sequer. Ele era o espelho onde os outros deveriam olhar. Lembro-me das frases ditas por vários professores: "Vocês não querem nada! Só querem brincadeira! Sigam o exemplo do João Victor".
Os anos foram passando e a adolescência chegou. Ah! Agora é hora de se divertir! Baladas, festas, namoradas. Afinal de contas, todos passam pela fase da "aborrescência". É. Eu não. Minha adolescência passei estudando intermináveis madrugadas para vestibulares e, com 16 anos de idade me vi dentro do universo mais complexo que já havia visto: A UNIVERSIDADE. Por que complexo? Quando se entra na faculdade, não existem mais melhores ou piores alunos. Todos são iguais, apesar de serem muito, mais muito diferentes. É um mundo novo. Tudo era diferente. Contudo, todos querem a colação de grau! Querem ser bons profissionais.
Profissão? Aos 20 anos, eu tinha uma. Aos 20 anos eu já era um dentista. Devolver o sorriso para as pessoas era minha meta. Sonho realizado. Mas não seria muito cedo?
O que dizer de casar aos 21 anos. Uau! Que responsabilidade. "Você é o João Victor, o ministro de louvor, é crente, tem que casar logo". Casei. Não simplesmente por pressões, mas por amor. Não me arrependo. Uma nova vida para mim!
Aos 22, Deus me presenteia com o Pedro Henrique, meu filhote. Agora a responsabilidade é ainda maior. "Você é pai de família, João Victor".
É, amigos! Aos 23 anos, recebo, por força maior (e bem maior do que alguém possa imaginar), o cajado de pastor, mesmo ainda sendo um diácono. Deus continua abençoando, gigantes continuam caindo, a harpa ainda continua sendo tocada. A unção era pra ser derramada sobre minha cabeça. Passo de evangelista a pastor. Cuido de ovelhas. Cuido, irmãos, confesso, da melhor maneira que posso cuidar.
Entretanto, nunca seremos o suficiente. E isso é muito irritante. Deixe de falar com alguém ao final de um culto. PERIGO! ALGUÉM PODE SE CHATEAR E SE DESVIAR! Adoeça! PERIGO! O POVO PRECISA DE UM PASTOR PRESENTE! Trabalhe, tenha uma profissão secular, não atenda uma ligação mesmo que esteja com as mãos contaminadas de sangue durante uma cirurgia! PERIGO! OVELHA PODE SE DESGARRAR E ENCONTRAR UM PASTOR QUE LHE DÊ ATENÇAO! E existem vários "pastores de porta de igreja". Perdoem-me a comparação com advogados de porta de cadeia (os advogados não merecem essa comparação). Prontos para orar, para visitar, não os enfermos, não os que precisam de conversão, mas os que tem dízimos para gastar nas suas "igrejas", em sua maioria, resultado de divisões. São ovelhas que já tem pasto para se alimentar bem. Entretanto, isso não importa para os pescadores de aquário que, embora o mar esteja ainda repleto de peixes, preferem as "presas" mais fáceis. E essas ditas "ovelhas", inocentemente caem nos "revelamentos e profetadas" e ainda saem dizendo: "EU FUI PORQUE NÃO TIVE UM PASTOR".
O que as pessoas querem que sejamos? Heróis? Ter super-poderes? Sermos onipresentes? Quase deslizando pela camada dos trinta anos, aprendi algo importante. Nós passamos a vida nos degladiando, numa luta interna, em busca da essência humana que os outros querem arrancar de nós. PRECISAMOS SER HUMANOS! PRECISAMOS SER GENTE!
Não quero aprender a voar, nem soltar teias para pular de prédios, nem muito menos ser revestido de adamantium ou que saiam raios dos meus olhos. Não quero super-poderes. Basta-me o poder que Deus me concedeu. O poder de ser gente. O poder de ser humano! Podem querer o contrário, mas quero continuar humano! Isso me faz feliz! Deus me ama assim!

Só pela graça,

João Victor

4 comentários:

  1. Humanos amigo...
    Não podemos seguir com essa mentalidade atual da mais perfeita estética, dos falsos modelos de perfeição, e assumir nossa humanidade, amando as pessoas e respeitando a realidade também humana de cada um...
    Que faremos para nos conscientizar e aos demais sobre tão humana realidade?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Gostaria de enfatizar no meu comentário amado Pr. Que admiro muito, seu jeito simples de ser, de cantar, de escritor, de poeta, e de um líder, entendo e percebo que nunca é o foco de um bom líder os cargos eclesiásticos. Enfatizando que, eu apesar de diácono também gosto um pouco de pensar, e até me incluo nestes títulos, ou cargos. Nós senhores, diáconos, pastores, bispos, apóstolos , tem até patriarcas agora, ou sei lá o que, ficamos enfermos, perdemos compromissos importantes, não vamos todos os dias aos cultos, não visitamos todos os dias, não oramos todos os dias por pessoas enfermas, e principalmente não exercemos poderes sobrenaturais, mas que muitos por aí, se vestem de roupagem hipócrita, disfarçando serem divinos.
    O Pastor ele tem sentimento, tem família, tem vontades, tem desejos proibidos, porque não somos super-heróis, somos homens naturais e humanos a quem vocacionalmente Deus chamou... O interessante é que Jesus não chama só os qualificados, qualifica os que são chamados, e nos diz que: no mundo terei aflições, mas que tenha bom ânimo.
    Pastor João Victor, sempre me lembro dos poucos momentos que o vi ali na sala de aula do núcleo Kurious, ali na Sede. Um ser humano excepcional, que rir, que brinca, que gostaria também muitas vezes de ter o simples privilégio de pronunciar a frase do Rev. Cáio Fábio. “Eu quero apenas ter o privilégio de poder simplesmente dizer, tá doendo.”
    Abraços meu irmão e amigo. (Cleiton Pinho)

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  4. Certamente humanos! Porém com uma simples, complexa e profunda missão...Imitar ao homem mais humano que já existiu. Yeshua!

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