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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Onde estás?


Geralmente, a pergunta é invertida. As tragédias e dores da vida nos fazem questionar "Onde Deus está". Há um mundo invisível. Somos compungidos a negar sua existência. Ao nos depararmos com situações insuportavelmente terríveis, atribuímos a culpa ao que não vemos, sob o pretexto de excluir o materialismo das responsabilidades de nossos ombros mortais.

Existiria realmente um mundo invisível? Certo dia, um jovem com alguns problemas de visão foi reprovado na disciplina de microbiologia. Ele não conseguia ver o que estava no microscópio, por mais que as lentes poderosas ajustassem o foco. No dia da prova, o rapaz começou a desenhar manchas e formas que estava vendo. Tal foi a surpresa quando os rabiscos mostraram que o aluno havia desenhado seu próprio olho. Será que representamos nos outros o que vemos nos outros ou o que está sendo refletido em nós mesmos? Será que, quando perguntamos sobre o paradeiro de Deus, não seremos nós os verdadeiros desaparecidos? Onde estamos?

Quando Adão peca, ele tenta se esconder. Onde estamos diante dos olhos de Deus? Alguns podem simplesmente ignorar a Deus. Quando o homem cai, forma-se uma ruptura, um abismo entre o mundo visível e o invisível. Entretanto, durante toda a história, sempre o homem criou imagens do mundo invisível para se apoiar. O que não se podia explicar era atribuído a Deus ou a deuses. Com o avanço da ciência, com o Iluminismo, houve uma tentativa de excluir o mundo invisível do contexto humano. Antes, camponeses poderiam sofrer uma vida inteira, mas mantinham uma esperança de algo invisível. Hoje, com toda a tecnologia, o homem pós-moderno racionalizou tanto sua existência que não conseguem mais crer se os seus olhos não vêem. Perdemos nossas almas para ganharmos o mundo. Adianta?

Estamos perdidos. Sem Deus. Será que Deus tem nos encontrado? Faz sentido continuar a correr sem destino, como o conselho do gato de Alice? Por que sofri? Por que sorri? Por que chorei? Por que nasci? Todas essas perguntas são respondíveis, quando eu entendo que o importante mesmo não são as emoções, mas o que eu aprendo com elas. A felicidade não é uma meta. A felicidade é um caminho.

Adão não some fisicamente. Adão perde a verdade. Adão opta pela mentira. Adão perde a intimidade com Deus. Onde está o que você aprendeu, Adão? Onde está o que eu te ensinei? Onde estão os anos caminhando no jardim? O problema é que esquecemos as lições. Trocamos primogenituras por pratos de lentilhas. Saciamos a fome momentânea, mas criamos uma cratera no espírito. Deus pergunta.
Onde estão os momentos de oração? Onde estão os louvores? Onde estão os momentos comigo?

As perguntas de Deus nos fazem sair dos esconderijos. Não há como se esconder Dele. Fugimos de casa, mas voltamos chorando quando o Pai nos encontra. Não se esconda na árvore do orgulho, da mentira. Deus nos encontra. E nos encontra nus. Estamos vulneráveis. Longe Dele, estamos expostos. O abismo que havia entre o mundo visível e o invisível é atravessado pela ponte em forma de cruz. Jesus se entregou para acabar com o abismo. Deus não apenas nos vê. Ele nos ama. E voltamos a andar juntos pelo jardim.

Só pela graça,

João Victor

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