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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como ser verdadeiramente livre?
Por Ev. João Victor

Li de um escritor anônimo o seguinte: “Não, não quero ser livre. Quero ser cativo de amores, preso a paixões e tormentas tamanhas.” Claro que há um sentido conotativo nesse poema. Porém, a possibilidade de ser preso sempre assusta. Por isso, presos tentam, todos os dias, escapar de penitenciárias, pois odeiam a idéia de estar encarcerados. Daí, coloquei meus neurônios para funcionar e pensei. Onde está a verdadeira liberdade?
Uma das epístolas paulinas fala a respeito de um escravo. A epístola escrita para Filemon fala de Onésimo. Um jovem que não gostava da vida de escravo. Até aí, tudo bem. Ninguém gosta de ser escravo. Receber ordens é, para alguns, humilhante e constrangedor. Faça isso, faça aquilo. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
A postura servil é estigmatizada por muitos. É um símbolo de inferioridade diante de uma sociedade que tem em sua constituição, como código máximo de lei da nação, no seu artigo 5º, a afirmação de que somos todos iguais perante a lei. É válido salientar que, após a Abolição da Escravatura, não temos mais escravos no Brasil. Não no papel, mas nas entrelinhas do mundo trabalhista pessoas ainda são forçadas a trabalhos sobre-humanos por salários microscópicos.
Enfim, Onésimo queria ser livre. Pensou em fugir. É o ponto de partida para o fracasso. Procurou refugiar-se em algum quilombo da vida. Quilombo não é símbolo de liberdade. É esconderijo. Que o diga o famoso Zumbi dos Palmares. A fuga é a primeira idéia que vem a mente na busca da liberdade. Muitos pensam em fugir. Fugir de seu chamado, por não resistirem às pressões. Fugir da presença de Deus, por não se achar apto ou forte o suficiente pra continuar. Onésimo foge. Não fuja dos seus sonhos. Não se obtém vitórias em fuga. Vitórias são conquistadas em batalhas travadas. Gigantes caem porque alguém tem coragem para enfrentá-lo. Não se esconda. Enfrente suas prisões.
Entretanto, Onésimo, além de fugir, rouba o seu senhor. Ah, quantos tem em suas mãos algo que pertence ao Senhor. Levam lembranças das vigílias, do coral da mocidade, dos retiros e convivências, mas, principalmente, carregam dentro de si uma chama que está apenas a fumegar. As portas abertas para um caminho largo seduziram essas pessoas. Contudo, escondem-se quando encontram alguém conhecido dos tempos de fé. Fingem estar livres, mas se sentem fugitivos. Pensam estar livres, mas não estão.
Como ser livre? Fugindo? Não! Onésimo conhece um prisioneiro. Um preso que afirmava ser livre. Como pode isso acontecer? Existem sim, presos que estão livres. Livres do passado, embora acorrentados nas conseqüências de seus atos. Livres da culpa, embora condenados a pagar pelos crimes cometidos. Paulo estava preso, mas estava livre. E falou para Filemon sobre isso. Disse ter plena liberdade em Cristo Jesus.
Como estar preso e ser livre? Paulo, mesmo tendo privado seu direito à companhia do sol, possuía o Sol da Justiça a brilhar em seu interior. Onésimo conhece Paulo. O apóstolo o apresenta a Jesus. E Onésimo começa a descobrir o que é verdadeiramente ser livre.
Para obter a carta de alforria, fazia-se necessária uma série de atitudes. Arrepender-se deveria ser a primeira. Um arrependimento sincero. Reconhecer que erros foram cometidos. E como isso é difícil. O orgulho humano fala mais alto. Nossas imperfeições e defeitos não são bem digeridos por nossa personalidade. Mas é preciso detectar onde precisamos melhorar. É necessário saber quais os parafusos que faltam em nossa engrenagem para que a mesma funcione bem. Onésimo se arrepende. Boa decisão. Decisão de fé. Postura de quem acredita que pode mudar.
Contudo querer mudar não adianta. Precisamos agir. Onésimo precisava voltar à casa do seu senhor. Que maravilha. Um percurso de filho pródigo, vencendo as estradas de terra, lutando contra as poeiras das trilhas da vida. O reencontro era desenhado na mente. E estava próximo. Para ser livre, Onésimo precisava voltar à casa de Filemon. Para ser livre, precisamos voltar a ser servos de nosso Senhor. As aventuras desesperadas da fuga serão lembranças de que não há melhor lugar do que na casa do Senhor. Voltemos pra casa. O Pai espera de braços abertos.
Onésimo volta. Mais do que servo. Paulo o chama de filho. Fugiu como inútil. Agora é Onésimo, o útil. O que antes não servia pra nada, hoje é de muita utilidade. Louvado seja Deus por essa transformação. Antes preguiçoso. Hoje proativo. Antes escravo, preso dentro de si próprio. Hoje livre em seu coração, como servo.
O apóstolo ainda fala algo maravilhoso. Lembram daquilo que Onésimo roubou quando fugiu? Não sei o que era, nem quanto custava. Todavia, Paulo diz que se Onésimo roubou algo, tudo será restituído. O apóstolo pagará. A dívida será quitada. Jesus fez isso por nós. Toda a nossa culpa, com o Seu sangue derramado na cruz do Calvário, foi paga. Não devemos mais nada! Esta é a verdadeira liberdade!
Que Deus abençoe a todos.

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