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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os homófobos, os evangelicófobos e o PLC 122

Por. Pr. Ciro Zibordi

Muita gente tem usado o termo “homofóbico” para se referir à pessoa que odeia os homossexuais — opondo-se a eles de maneira irascível, raivosa, truculenta, violenta, etc. — ou se opõe à homossexualidade de maneira ofensiva, zombeteira, etc. Penso que o termo mais apropriado seria “homófobo”: “que ou aquele que demonstra ter homofobia” (Houaiss).

O termo “evangelicófobo” não consta dos dicionários. Eu o propus ontem, no Twitter e no Facebook, para mostrar a incoerência do PLC 122, projeto de lei que pretende criminalizar a opinião dos que apenas são contrários à prática homossexual, como, por exemplo, os evangélicos, que sempre pregaram contra a homossexualidade, visto que apresentar o Evangelho aos pecadores significa mostrar o amor e o juízo de Deus. E, na Bíblia, um dos pecados que o Senhor condena é a homossexualidade (Lv 18; Rm 1; 1 Co 6, etc.).

Diante do exposto, se o simples fato de eu discordar dos homossexuais torna-me homófobo (inimigo figadal dos homossexuais), o simples fato de eles discordarem de mim também os torna evangelicófobos (inimigos figadais dos evangélicos). E não é isso que temos visto atualmente? Os defensores do homossexualismo pedem a aprovação do PLC 122, mas eles mesmos portam-se de maneira irascível, truculenta, em relação aos evangélicos.

Ontem, o STF reconheceu a legitimidade da união de pessoas do mesmo sexo. É evidente que tal decisão não foi tomada com base na Bíblia, visto que esta prescreve que o casal deve ser formado por homem e mulher (Mt 19.4). E, segundo o meu amigo e pastor Euder Faber, presidente da VINACC (Visão Nacional para Consciência Cristã), a decisão não foi tomada com base “na Constituição, pois a mesma é explícita em afirmar o conceito de família, composto por um homem e uma mulher [...], o que os ministros do Supremo fizeram foi desconstruir o texto, extraindo deles toda a objetividade. Enfim, rasgaram a Constituição”.

Como cristãos, é evidente que devemos respeitar as pessoas homossexuais que vivem juntas. O que não podemos — sob pena de desobedecer à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra — é concordar com esse tipo de união, a qual, biblicamente, constitui um pecado. E não é porque a justiça reconheceu tal união que vamos incentivá-la ou considerá-la não-pecaminosa, à luz da Bíblia.

Vendo um pouco mais além, e pensando na possibilidade da aprovação do PLC 122, seria um abuso obrigar os ministros evangélicos contrários à prática homossexual a fazerem casamentos de homossexuais. Isso é uma violação do direito constitucional. Se os homossexuais querem casar e constituir “família”, respeitamos o seu direito. Mas que procurem aqueles que estão de acordo com a sua ideologia.

Nenhum padre gostaria, por exemplo, que um casal evangélico o obrigasse a celebrar o seu casamento. Na igreja da maioria, sabemos, só podem casar as pessoas que seguem os seus dogmas. Por que os pastores seriam obrigados a casar pessoas que não estão de acordo com a doutrina evangélica, no caso dos que mantêm relações homossexuais?

Por que os evangélicos não aceitam o PLC 122? Porque ele é uma tentativa de nos obrigar a concordar “na marra” com o homossexualismo. E isso é um absurdo! Temos o direito constitucional da livre expressão da opinião, o que não caracteriza homofobia, a menos que usemos de ofensa, ameaça, violência, etc. A pregação contrária ao que a Bíblia chama de pecado não é discriminar pessoas, ser homófobo ou adotar postura homofóbica.

A Bíblia — isto é, Deus — condena a prática homossexual. Mas a Bíblia (Deus) também mostra que o homem tem livre-vontade para escolher entre o bem e o mal (Dt 30.19; Mt 7.13,14). E os cristãos devem respeitar as escolhas das pessoas. Entretanto, ninguém pode nos obrigar a concordar com as escolhas das pessoas. Ter opinião contrária faz parte do processo democrático. Ou não?

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

2 comentários:

  1. A voz do povo é a voz do povo... de Deus (?). Os cristãos brasileiros de todas as denominações foram os que mais contribuíram para a legalização da união homoafetiva e tudo o que isso implica, em especial num país de tanta fragilidade jurídica como é o Brasil. Rasguem suas bíblias, cristãos brasileiros, vocês não poderão justificar-se responsabilizando o STF, pois este simplesmente representou o posicionamento dos milhões de cristãos silentes e coniventes.

    “Você sabe quando um baluarte é transformado em um hospital? Quando todos ou a expressiva maioria de seus combatentes jazem mortos ou feridos, tornando essa praça de guerra indefensável, incapaz de suportar mais as investidas do inimigo. Cena pavorosa, soldados agonizando, clamando de frio e sede; outros sofrem a dor de membros decepados; corpos em putrefação jazem descobertos, ao lado de soldados feridos que, estupefatos e envergonhados com a derrota, ainda seguram suas armas ou pedaços dela, sem saber mais o porquê ou para quê. Médicos, paramédicos, enfermeiras, voluntários, vagueando em meio a este horror, também feridos e exaustos, famintos e sedentos, já esvaídas todas as suas esperanças de poderem amenizar qualquer coisa de significante em tamanha tragédia, completam a fúnebre cena. É nisto que se transformou a Igreja do Senhor dos Exércitos, do Senhor da Glória, do Senhor dos Céus e da Terra?”[A BÍBLIA E O BUSHIDO – A IGREJA CRISTÃ EM GUERRA, por Dárcio Lira]

    Sim, é nisto que se transformou a Igreja do Senhor dos Exércitos!
    Bom, mas sempre restam aqueles poucos que não dobraram seus joelhos a Ball. Você é um deles?

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  2. Graças a Deus, querido mestre, que ainda existem esses poucos que não se curvaram a Baal. Percebo que nossas forças estão se exaurindo, no que tange ao poder de influência nas decisões jurídicas no país (se é que um dia tivemos alguma). Enquanto discutimos "o sexo dos anjos" nos dogmas e doutrinas, deixamos de nos preocupar com assuntos mais importantes. Será que não somos apenas ossos secos precisando de uma palavra profética para se reerguerem? Ou será que permaneceremos assim, trancafiados em nossas igrejas sem nos importar com o humano e natural, vivendo o vislumbre do sobrenatural?
    E aí, grande mestre?

    Obrigado, sempre honrado por vc estar aqui!

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