E tudo acabou. Foram anos de entrega, abdicação, renúncias. Poderia ter feito uma especialização aos 20 anos, viajar pelo exterior fazendo cursos, investir na Odontologia. Poderia ter apenas me congregado, ser discipulado, acompanhado, aconselhado, alimentado. Poderia ser um professor universitário, ter mestrado, doutorado, pós-doutorado. Poderia, aos 21 anos de idade, ter dito não, ter recusado, me escondido atrás do teclado, ter apenas cantado ou tocado. Poderia não ter subido ao púlpito, ministrado, pregado. Poderia não ter aceitado ser pressionado, apontado, acusado, traído, desvalorizado. Poderia ter me acovardado, concordado, me calado e apenas seguido a maioria. Poderia não ter errado, nem precisar ter me arrependido. Poderia não ter tido medo das pseudo pesadas mãos divinas que cairiam sobre mim caso negasse o meu chamado. Poderia simplesmente ter enxergado um "deus" cruel, carrasco, que gosta de me ver sofrer desde que seja pelo amor da sua "obra". Mas não. Poderia querer hoje voltar no tempo e fazer tudo diferente. Mas não. Valeu a pena.
Valeu a pena conhecer mais a Deus e entender que Ele é meu amigo e quer o meu bem, o que eu não aprenderia em mestrado, doutorado ou PHD nenhum da Odontologia. Valeu a pena ter ovelhas, discipular, acompanhar, ensinar, aconselhar, alimentar, mesmo nos meus dias de fome espiritual. Valeu a pena pregar, ministrar, sair de trás do teclado e dar a cara a tapa. A pressão foi pesada, mas me fez mais forte, me fez crescer. Enfim, valeu a pena Contemplar.
Agradeço por cada pessoa que passou pela igreja. Tínhamos um sonho e realizamos. Vidas foram restauradas, famílias reconstruídas, líderes que foram forjados nas decepções, nas vitórias, na Palavra, na doutrina, na vida. Pessoas que aprenderam o que é Igreja. Não somos placas, títulos, nomes. O importante não é ser obreiro, diácono, presbítero, pastor, bispo, apóstolo, querubim, serafim. O que importa é ser humano. Seja homem de verdade que você será um Homem de Deus. Seja uma mulher verdadeira e você será mulher de Deus.
Se você um dia passou pela Igreja Batista Vale de Benção do Dom Lustosa, Batista Vale de Benção do Henrique Jorge ou Igreja Batista Contemplar, conheceu um lugar que sempre procurou fazer tudo com excelência. Era para Deus, claro. Mas também era para você, para o seu crescimento, para que você fosse uma pessoa muito melhor. Esperamos ter contribuído de alguma forma.
Meus agradecimento final aos meus pais, irmão João e irmã Nicinha (sei que vocês deram mais a vida do que eu pela igreja), meus irmãos Jorge (o que segurou as pontas quando eu saí), Michele e Julinha, minha esposa Helane, meu filho Pedro, minha família! Somos uma família de Levitas, cuidadores de templos, ministradores de igrejas.
A Contemplar encerra suas atividades não com um ponto final. A querida Contemplar termina com uma vírgula. Há muito mais histórias a serem escritas e contadas. Todos viverão.
,
João Victor Menezes do Nascimento
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domingo, 15 de abril de 2018
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
FINAL DE ANO...FINAL DE...FINAL?
O ano está acabando e inúmeras reflexões permanecem em processo ou em pendência. Queria muito que esse ano acabasse logo. Os dias foram maus. Foi um ano repleto de perspectivas frustradas, perdas, noites mal dormidas, mudanças de hábitos, de pele, de visão. A igreja mudou. Nós mudamos.
No final das contas, aprendemos a não murmurar e a viver mais humanizados e menos bestializados (ou no cearense comum, abestados). "A felicidade bestializa. Só o sofrimento humaniza as pessoas", como diria Mario Quintana.
Em meio a essas reflexões rasas e profundas, me apaixonei por Jesus. Aprender com o Mestre é um convite ao distanciamento da religiosidade "evangelicalesca" e uma aproximação da liberdade. Sim, a religião aprisiona. Nos aprisionamos em liturgias históricas, tradicionais, que produzem verdadeiras guerras quando tentamos um rompimento. Discussões grotescas de como se vestir, o que ouvir, o que cantar, como orar, como iluminar a igreja, como não iluminá-la, permeiam reuniões longas e cansativas que não levam a lugar algum. Afinal de contas, como deve ser o culto de oração? Em que dia deve ocorrer a Escola Bíblica? Somos tradicionais ou pentecostais? Uns saem nos criticando que somos pentecostais demais. Outros já afirmam que somos tradicionais demais e não cremos nos "mistérios". Será que temos realmente que agradar sempre? Para quem é direcionado o culto?
Os membros das igreja se tornaram espectadores, fregueses, clientes. "A igreja não canta mais hino de fogo. Não gostei". "A igreja tem muito reteté, não gosto disso". Alguém me avise quando eu puder mandar todos esses viajarem pelo Brasil (pra não dizer o que tenho vontade de dizer).
A questão é que, algum dia, vamos desagradar alguém. Pessoas que visitamos, que rasgamos elogios ou que investimos nosso tempo nos deixam sem nem sequer dizer um "obrigado" ou no mínimo avisar que estão indo. Outros nos surpreendem, sendo fiéis em tudo, apesar de não receberem a mesma atenção. Alguns eu não sei nem o nome, mas tenho um carinho grande por eles. Oro por cada um. Nunca pude ir na casa deles, não conheço suas famílias, não sei onde moram. Entretanto, todas as quintas e domingo estão lá na igreja para me ouvir. Vocês não tem noção de como isso me alegra.
Estou há mais tempo como pastor do que os anos que fui pastoreado. Aprendi a amar meus pastores não pq me visitavam, mas pelos ensinamentos das doutrinas e das mensagens ministradas. O lar é um ambiente que deve ser inviolável. Por mais que alguns gostem e se sintam felizes e honrados com visitas, isso jamais deve ser uma bengala para nossa vida. Nossos problemas resolvemos sozinhos e o máximo que podemos fazer é ajudar em oração. Leiam 1 Timóteo 3. O texto fala como um pastor deve ser, mas geralmente somos cobrados por itens não listados nos conselhos paulinos. "O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas". Exatamente. O Bom Pastor Jesus. Eu não sou bom. Nem muito menos Jesus. A religião exige dos seus líderes características ou funções impossíveis de cumprir. E não estou tentando me justificar. A imposição não é só pra mim. A religião impõe. Por que nos submetemos a isso?
Por que nos deram uma falsa esperança ou uma distorcida fé de que se andarmos na linha, de acordo com as convenções pré-estabelecidas chamadas erroneamente de doutrinas, cumprindo com todos os deveres eclesiásticos, seremos, de modo sobrenatural, protegidos dos males da vida. A conduta religiosa ilibada manteria nossos corpos fechados. As janelas do céu seriam escancaradas, os celeiros se encheriam abundantemente e a chuva não deixaria jamais de cair apenas pelo fato de nossas maravilhosas obras populistas com intuito exibicionista serem vistas e aplaudidas. Ora, somos servos de Deus e nada de mal pode nos acontecer. Salomão destrói esse engano triunfalista. O grande sábio desfaz o campo de força imaginário e nos deixa algumas lições no livro de Eclesiastes, capítulo 9.
Tanto faz, meus amigos. A vida não escolhe. Os mais justos podem sofrer bem mais que os ímpios. Ser certinho demais não nos faz escapar das tragédias da vida, nem nos faz prosperar milagrosamente. Aprendam. Isso detona o ser egoísta que somos. Por que a vaga foi dele e não minha? Por que aconteceu isso comigo e não com ele? Isso é revoltante. O mundo é injusto. Seria bem mais prático Deus vingar os justos e mandar sete demônios destruírem a vida daquele que nos persegue, dos nossos inimigos. Que aterrador, não é? Que desejo cristão!!! A religião nos promete proteção exclusiva. Desculpe decepcionar você. Estamos sujeitos aos mesmos problemas, às mesmas dores de barriga, aos mesmos acidentes, ao mesmo desemprego que todas as pessoas da terra. Se alguém alguma vez te disse o contrário, estava enganando você ou estava propriamente enganado. O menino bonzinho que sempre ganha presente no Natal é uma lenda tão verdadeira quanto o Papai Noel. A verdade é que todos morreremos um dia. Não podemos escapar disso. Por que então ter a pretensão de achar que podemos escapar das outras tribulações?
Há esperança para os vivos. Por mais que saibamos que o mundo é injusto, que os bons nem sempre vencem e que mesmo sendo "filhos do dono" não temos privilégios em detrimento às outras criaturas não gospel, a vida nos dá direito de escolha. E a melhor escolha que podemos fazer é viver. Ainda estamos vivos. Podemos sonhar, amar, planejar, chorar, se aborrecer, sorrir, correr, nadar, voar. Sim, podemos voar. Podemos adorar a Deus e flutuar. Romper as barreiras interdimensionais e abrir portais para novas experiências. A nossa esperança não se limita a esta vida, já dizia o apóstolo Paulo. Se assim fosse, seríamos os mais infelizes de todos os homens. Há fenômenos acontecendo em outros planos, em outras dimensões. É o que chamamos de mundo espiritual. Isso é fato.
Entretanto, o sábio Salomão é categórico em afirmar que essa vida, a material, a dessa dimensão, deve ser vivida e bem vivida, simplesmente pelo fato de estarmos vivos. Os mortos não tem lembranças. Nós ainda podemos trazer à memória o que nos pode dar esperança. Como é bom ter esperança! Que maravilha poder se sentir vivo.
"Vai, come com alegria o teu pão e bebe com bom coração o teu vinho". Esse é o conselho. O problema não está naquilo que você come ou bebe, mas em como você faz isso. Se te faz bem, vai em frente. Se joga. Claro, se isso te faz bem de verdade. Nosso coração deve ser bom. Se você ainda sente seu coração meio petrificado, seria uma boa opção trocar por um coração de carne. Isso mesmo. Coração de carne. Quer ser de Deus? Seja humano. Há pessoas que realmente não são.
Que sejam alvas as tuas vestes sempre! Perfeito. Vista-se como se fosse a uma festa. Cuide de você. Fique cada dia mais bonito, principalmente tratando o seu interior. Podem achar que é um escape para os feios, mas a maior parte da sua beleza está concentrada em sua simpatia e na forma como você encara a vida. Nunca esqueça. Deus tem prazer no nosso prazer. Cada dia é um presente, uma dádiva. Tire o máximo de cada dia, mesmo sabendo que nem sempre tudo vai dar certo.
O sábio rei Salomão contou uma pequena ilustração. Certo dia, uma cidade estava cercada por um rei inimigo e seus exércitos. Todos estavam com medo e presumiram a derrota e a provável escravidão de todos os habitantes daquele lugar. Até que um pobre sábio da cidadezinha teve uma ideia fantástica, uma estratégia para salvar o seu povo. Os moradores seguiram o conselho do humilde sábio e conseguiram fazer com que o rei fosse embora, livrando assim aquele povo da destruição. Por causa do pobre sábio, o povo estava livre. Durante as festas e comemorações, ninguém falou do pobre sábio. Ele não recebeu medalha, nem aplausos. Não virou nome de rua, nem conseguiu um cargo na prefeitura. Foi simplesmente esquecido. As pessoas estavam vivas e livres devido ao que o humilde homem tinha feito. Contudo, ninguém se lembrou. O sábio continuou vivendo da mesma forma como vivera todos os anos. Ele não valorizava o poder, mas sim sua sabedoria. Continuou sendo o que era, um pobre e humilde sábio. Jesus não deixou de ser Jesus por causa de Judas. A ingratidão não deve nos moldar para o fenômeno chamado "to-nem-aísmo" Por mais que a gente espere retribuição, nem sempre vamos ter. Por mais que esperemos consideração, nem sempre vamos ter. Por mais que esperemos gratidão, nem sempre vamos ter. Desde quando o importante é o que vamos ter? O importante deve sempre ser o que vamos ser. Seja você. Deus te ama assim mesmo. Fim de ano? Fim de que? Fim? Sempre há uma vírgula.
No final das contas, aprendemos a não murmurar e a viver mais humanizados e menos bestializados (ou no cearense comum, abestados). "A felicidade bestializa. Só o sofrimento humaniza as pessoas", como diria Mario Quintana.
Em meio a essas reflexões rasas e profundas, me apaixonei por Jesus. Aprender com o Mestre é um convite ao distanciamento da religiosidade "evangelicalesca" e uma aproximação da liberdade. Sim, a religião aprisiona. Nos aprisionamos em liturgias históricas, tradicionais, que produzem verdadeiras guerras quando tentamos um rompimento. Discussões grotescas de como se vestir, o que ouvir, o que cantar, como orar, como iluminar a igreja, como não iluminá-la, permeiam reuniões longas e cansativas que não levam a lugar algum. Afinal de contas, como deve ser o culto de oração? Em que dia deve ocorrer a Escola Bíblica? Somos tradicionais ou pentecostais? Uns saem nos criticando que somos pentecostais demais. Outros já afirmam que somos tradicionais demais e não cremos nos "mistérios". Será que temos realmente que agradar sempre? Para quem é direcionado o culto?
Os membros das igreja se tornaram espectadores, fregueses, clientes. "A igreja não canta mais hino de fogo. Não gostei". "A igreja tem muito reteté, não gosto disso". Alguém me avise quando eu puder mandar todos esses viajarem pelo Brasil (pra não dizer o que tenho vontade de dizer).
A questão é que, algum dia, vamos desagradar alguém. Pessoas que visitamos, que rasgamos elogios ou que investimos nosso tempo nos deixam sem nem sequer dizer um "obrigado" ou no mínimo avisar que estão indo. Outros nos surpreendem, sendo fiéis em tudo, apesar de não receberem a mesma atenção. Alguns eu não sei nem o nome, mas tenho um carinho grande por eles. Oro por cada um. Nunca pude ir na casa deles, não conheço suas famílias, não sei onde moram. Entretanto, todas as quintas e domingo estão lá na igreja para me ouvir. Vocês não tem noção de como isso me alegra.
Estou há mais tempo como pastor do que os anos que fui pastoreado. Aprendi a amar meus pastores não pq me visitavam, mas pelos ensinamentos das doutrinas e das mensagens ministradas. O lar é um ambiente que deve ser inviolável. Por mais que alguns gostem e se sintam felizes e honrados com visitas, isso jamais deve ser uma bengala para nossa vida. Nossos problemas resolvemos sozinhos e o máximo que podemos fazer é ajudar em oração. Leiam 1 Timóteo 3. O texto fala como um pastor deve ser, mas geralmente somos cobrados por itens não listados nos conselhos paulinos. "O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas". Exatamente. O Bom Pastor Jesus. Eu não sou bom. Nem muito menos Jesus. A religião exige dos seus líderes características ou funções impossíveis de cumprir. E não estou tentando me justificar. A imposição não é só pra mim. A religião impõe. Por que nos submetemos a isso?
Por que nos deram uma falsa esperança ou uma distorcida fé de que se andarmos na linha, de acordo com as convenções pré-estabelecidas chamadas erroneamente de doutrinas, cumprindo com todos os deveres eclesiásticos, seremos, de modo sobrenatural, protegidos dos males da vida. A conduta religiosa ilibada manteria nossos corpos fechados. As janelas do céu seriam escancaradas, os celeiros se encheriam abundantemente e a chuva não deixaria jamais de cair apenas pelo fato de nossas maravilhosas obras populistas com intuito exibicionista serem vistas e aplaudidas. Ora, somos servos de Deus e nada de mal pode nos acontecer. Salomão destrói esse engano triunfalista. O grande sábio desfaz o campo de força imaginário e nos deixa algumas lições no livro de Eclesiastes, capítulo 9.
Tanto faz, meus amigos. A vida não escolhe. Os mais justos podem sofrer bem mais que os ímpios. Ser certinho demais não nos faz escapar das tragédias da vida, nem nos faz prosperar milagrosamente. Aprendam. Isso detona o ser egoísta que somos. Por que a vaga foi dele e não minha? Por que aconteceu isso comigo e não com ele? Isso é revoltante. O mundo é injusto. Seria bem mais prático Deus vingar os justos e mandar sete demônios destruírem a vida daquele que nos persegue, dos nossos inimigos. Que aterrador, não é? Que desejo cristão!!! A religião nos promete proteção exclusiva. Desculpe decepcionar você. Estamos sujeitos aos mesmos problemas, às mesmas dores de barriga, aos mesmos acidentes, ao mesmo desemprego que todas as pessoas da terra. Se alguém alguma vez te disse o contrário, estava enganando você ou estava propriamente enganado. O menino bonzinho que sempre ganha presente no Natal é uma lenda tão verdadeira quanto o Papai Noel. A verdade é que todos morreremos um dia. Não podemos escapar disso. Por que então ter a pretensão de achar que podemos escapar das outras tribulações?
Há esperança para os vivos. Por mais que saibamos que o mundo é injusto, que os bons nem sempre vencem e que mesmo sendo "filhos do dono" não temos privilégios em detrimento às outras criaturas não gospel, a vida nos dá direito de escolha. E a melhor escolha que podemos fazer é viver. Ainda estamos vivos. Podemos sonhar, amar, planejar, chorar, se aborrecer, sorrir, correr, nadar, voar. Sim, podemos voar. Podemos adorar a Deus e flutuar. Romper as barreiras interdimensionais e abrir portais para novas experiências. A nossa esperança não se limita a esta vida, já dizia o apóstolo Paulo. Se assim fosse, seríamos os mais infelizes de todos os homens. Há fenômenos acontecendo em outros planos, em outras dimensões. É o que chamamos de mundo espiritual. Isso é fato.
Entretanto, o sábio Salomão é categórico em afirmar que essa vida, a material, a dessa dimensão, deve ser vivida e bem vivida, simplesmente pelo fato de estarmos vivos. Os mortos não tem lembranças. Nós ainda podemos trazer à memória o que nos pode dar esperança. Como é bom ter esperança! Que maravilha poder se sentir vivo.
"Vai, come com alegria o teu pão e bebe com bom coração o teu vinho". Esse é o conselho. O problema não está naquilo que você come ou bebe, mas em como você faz isso. Se te faz bem, vai em frente. Se joga. Claro, se isso te faz bem de verdade. Nosso coração deve ser bom. Se você ainda sente seu coração meio petrificado, seria uma boa opção trocar por um coração de carne. Isso mesmo. Coração de carne. Quer ser de Deus? Seja humano. Há pessoas que realmente não são.
Que sejam alvas as tuas vestes sempre! Perfeito. Vista-se como se fosse a uma festa. Cuide de você. Fique cada dia mais bonito, principalmente tratando o seu interior. Podem achar que é um escape para os feios, mas a maior parte da sua beleza está concentrada em sua simpatia e na forma como você encara a vida. Nunca esqueça. Deus tem prazer no nosso prazer. Cada dia é um presente, uma dádiva. Tire o máximo de cada dia, mesmo sabendo que nem sempre tudo vai dar certo.
O sábio rei Salomão contou uma pequena ilustração. Certo dia, uma cidade estava cercada por um rei inimigo e seus exércitos. Todos estavam com medo e presumiram a derrota e a provável escravidão de todos os habitantes daquele lugar. Até que um pobre sábio da cidadezinha teve uma ideia fantástica, uma estratégia para salvar o seu povo. Os moradores seguiram o conselho do humilde sábio e conseguiram fazer com que o rei fosse embora, livrando assim aquele povo da destruição. Por causa do pobre sábio, o povo estava livre. Durante as festas e comemorações, ninguém falou do pobre sábio. Ele não recebeu medalha, nem aplausos. Não virou nome de rua, nem conseguiu um cargo na prefeitura. Foi simplesmente esquecido. As pessoas estavam vivas e livres devido ao que o humilde homem tinha feito. Contudo, ninguém se lembrou. O sábio continuou vivendo da mesma forma como vivera todos os anos. Ele não valorizava o poder, mas sim sua sabedoria. Continuou sendo o que era, um pobre e humilde sábio. Jesus não deixou de ser Jesus por causa de Judas. A ingratidão não deve nos moldar para o fenômeno chamado "to-nem-aísmo" Por mais que a gente espere retribuição, nem sempre vamos ter. Por mais que esperemos consideração, nem sempre vamos ter. Por mais que esperemos gratidão, nem sempre vamos ter. Desde quando o importante é o que vamos ter? O importante deve sempre ser o que vamos ser. Seja você. Deus te ama assim mesmo. Fim de ano? Fim de que? Fim? Sempre há uma vírgula.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Por que eu devo ter medo de Deus?
Criaram certas imagens a respeito de Deus que me dão
medo. Na Idade Média, pintaram o mundo debaixo do juízo divino. Imagens de pessoas aterrorizadas debaixo
da fúria de uma divindade que os odeia eram muito comuns na época. E isso foi atravessando séculos. Essa visão resistiu à tecnologia e à expansão do conhecimento e, por incrível que pareça, ainda é presente.
Como eu posso ter medo de Deus? Ora, quando Deus é
apresentado como um vigilante severo da sua própria lei. A lei é impossível de
ser obedecida. E esse pensamento de que existe uma lei que está acima da minha
capacidade de obedece-la é neurotizante. Existe uma idéia religiosa de que Deus é tão zeloso em
defender sua glória que ele não permite nenhum deslize, sob a pena de sofrermos os rigores da lei. É
como se exigíssemos que um bebê disputasse uma corrida de obstáculos. Se existe uma lei e Deus pune com uma eterna desgraça, com
uma ira e fúria inominável a raça humana que desobedece essa lei, isso me dá medo.
Também tenho medo do Deus que é ao mesmo tempo fonte de bem e
fonte de mal. Eu nunca sei quando ele vai despejar bênçãos ou castigos sobre mim.
Se estamos na tribulação é um estágio anterior da benção, dizem. Se a
tribulação é a antessala de uma benção, nenhum de nós deveria tentar acabar com
as desgraças da vida. A nossa obrigação seria suportar o sofrimento que nunca
acaba. Contudo, não é bem assim.
Os judeus sempre foram extremamente preocupados em serem
monoteístas. Por causa dessa insistência do judeu em ter apenas um Deus, eles
tinham um problema. As nações pagãs tinham um deus pra cada coisa. Deuses do bem, deuses do
mal. Em várias passagens da Bíblia, como eles só tinham um Deus, atribuíam a
Deus coisas ruins. “Um espírito maligno vindo da parte de Deus para atormentar
Saul”. Eu nunca sei se Deus é do bem ou do mal. Nós nunca sabemos o que esse
“deus” vai aprontar. Pode dar medo esse deus bipolar.
Ah, tenho medo de um Deus que tem planos secretos. Que
trabalha misteriosamente no céu e não nos conta o que está fazendo. Um Deus que tramaria às escondidas? Deus é luz. Ele revela. Ele caminha
conosco, segurando a nossa mão. Ele tem planos futuros gloriosos e faz questão que os conheçamos.
Eu tenho medo de um Deus que só pode nos amar por causa
de uma igreja. Como se Deus só amasse os regenerados, os bonzinhos. Como se apenas os "de igreja" fossem bonzinhos e regenerados. Os outros, Deus odiaria. Deus
só nos amaria se estivéssemos em alguma igreja ou congregação. Não podemos
entender um Deus que no mundo de bilhões de pessoas, só a um punhado delas transferiria seu amor.
Porém, eu não tenho medo de Deus. O Deus da Bíblia nunca
pediu sacrifícios, nunca deixou de nos amar. Sua misericórdia se estende
para além dos muros de Israel. Não requer sacrifícios, porque seu olhar está
estendido sobre toda a humanidade, fazendo que a chuva caia sobre bons e maus,
que amou o MUNDO de tal maneira que enviou o seu filho para que todo o que Nele
crê não pereça mas tenha a vida eterna. Deus não quer
derramamento de sangue. Chega de holocaustos!
Deus não quer que o pecador se converta. Ele quer que o
religioso se converta, e que o pecador se arrependa. Para que o pecador se
arrependa ele precisa ser acolhido. Os religiosos que são furiosos, implacáveis
em projetar em Deus a pequenez do coração deles. Os pecadores precisam ser
amados, recebidos. É a bondade de Deus que leva o homem ao arrependimento.
Jesus prometeu um futuro pra mulher que seria apedrejada porque ele percebeu um
futuro além das pedras. Jesus não tem pedra na mão. Deus oferece colo.
Não é a doutrina que te salva, não é a teologia que
salva, é o abraço de Deus, é o amor de Deus, é a graça de Deus. Eu prefiro ler
a Bíblia com as lentes do amor. Não leio a Bíblia sem amor. Pela lei, Paulo concordou com o apedrejamento de Estevão. Entretanto, só compreendeu seu encontro em Damasco porque viu Estevão olhar pra cima e dizer que viu os céus abertos. Pela
lei, a mulher era apedrejada, mas Jesus não olhou a lei, olhou os olhos da
mulher e disse vai e não peques mais. Pela lei, estaríamos condenados, mas Deus
nos olha com a sua misericórdia. Logo, eu não tenho medo de Deus.
Um Deus que se sente ameaçado pela minha liberdade não é
Deus, é ídolo. Deus não tem ciúmes da minha liberdade. Deus não fica
insatisfeito ao me ver feliz. O amor lança fora todo o medo. Deus nos fez livres. Aproveitemos essa liberdade então, com parcimônia e responsabilidade, mas sem esquecer jamais de que Deus não é apenas Deus. Ele é nosso Pai. O mundo não precisa de mais um deus. O mundo precisa de Pai.
Só pela graça,
João Victor
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Como Deus pode te ajudar?
Baseado em Lucas 13
Jesus narra que Pilatos estava misturando sangue de
galileus nos sacrifícios. Pessoas estavam sendo sacrificadas em cerimônias
pagãs. Por que tem gente que sofre mais do que outros? Jesus questiona se os
que sofrem são piores do que nós. Ele diz que não. Fala sobre uma tragédia que
aconteceu. Uma torre que caiu sobre algumas pessoas. Como tetos de igrejas,
marquises, aviões que caem. Vocês acham que essas pessoas são piores do que os
que estão vivos hoje? Qual nossa vantagem sobre eles? Os pastores das igrejas que desabam matando os fiéis estariam em pecado?
Um pai que está na emergência do hospital com seu filho
doente é mais pecador do que você? Uma família que esta em falência é menos amada por Deus do
que você? Acham que os judeus que morreram no holocausto nazista,
ciganos, homossexuais, eram piores do que nós? Os sírios que estão procurando um
abrigo no mundo são piores do que nós? Será que você ainda tem essa idéia de que quando
uma coisa acontece na sua vida de ruim foi o diabo? Você pensa que gente que morre
de bala perdida, em acidente de trânsito, merecem morrer porque chegou a hora delas?
Se você acha isso, eu tenho pena de você. Todos estamos
sujeitos a isso e no dia que isso acontecer você não estará preparado. Ninguém é uma ilha. Se cair um ônibus de uma
ribanceira e você estiver no ônibus, você vai morrer também com todos os outros. Se um
avião explodir com você dentro, você vai morrer também. Se vivemos nesse mundo,
é estatístico que um dia seremos assaltados. Se perguntarmos quantas pessoas foram
assaltadas na Suíça é diferente do mesmo questionamento aqui no Brasil. O índice de criminalidade é
alto. Vivemos conectados com o mundo. Se o nosso mundo está sofrendo, vamos
sofrer com o mundo.
Essa é minha raiva quando vejo um adesivo escrito
“Propriedade de Jesus” ou “Foi Deus que me deu”.Isso é escarnecer de quem anda de
ônibus. Por que os ônibus não são tão bons como seu carro? As coisas acontecem porque vivemos no mundo que tem
maldade e bondade. O mundo não segue em trilhos. Se seguisse, não
teríamos liberdade. Estaríamos brincando de marionetes no palco da existência. Cada um de nós
escolhe, opta. Nessas escolhas é que coisas ruins podem acontecer.
Um tigre não
deixa de ser tigre, mas um ser humano pode se desumanizar. Ou seja, um homem
pode, devido às suas decisões, mudar. Se não fosse assim, eu não poderia criticar
um homem que mata em série, nem elogiar um samaritano que ajuda alguém caído na
calçada. Por que eu elogio uma bondade? Porque quem a fez poderia ser mal, mas não. Porque
eu rejeito uma maldade? Porque poderia ter sido feito o bem, mas não. Os
trilhos da vida não são definitivos. Você escolhe, você decide. É por essa liberdade que
um cara embriagado pode matar alguém que está sentado esperando a condução. E a pessoa que estava na
calçada nem por isso é mais pecadora do que nós. O acaso existe. Não era pra acontecer,
mas aconteceu.
3. Não existem vontade soltas. Quando caiu uma
torre na cabeça das pessoas a Bíblia não diz que foi um demônio que empurrou a
torre, nem que o horóscopo não estava favorável aos vitimados. Não existe uma
energia negativa sobre você. Nem positiva. O universo nos é indiferente. A confluência de
Marte com Vênus não influencia em nada sua vida. O universo não quer nem o seu
bem nem o seu mal. Os astros não estão nem a favor nem contra ninguém. Não há
diferença entre 31 de dezembro de 2016 para 01 de janeiro de 2017.
O que quero dizer com isso? Vou ser mais direto. Deus não dá
câncer pra ninguém. Assim como ele não dá carro, ele não dá câncer. Tribulação
é resultado da vida. É impossível viver sem passar por riscos. A gente quer dar
uma de espírita, procurando explicação para as coisas. Um dia desses um piloto
alemão jogou o avião nos Alpes e matou todo mundo do avião. Todo mundo naquele voo era amaldiçoado
por Deus ou estava sobre influência maligna? Deus reuniu todas as pessoas ruins naquele avião
porque chegou a hora? Nunca usem essa lógica. Não existe uma
premeditação divina para soltar demônios sobre as pessoas para que sofram.
Acidentes e tribulações não seguem a lógica de benção e de maldição. Tem pessoas que fazem tudo
certo e mesmo assim algumas coisas dão errado porque a vida não é seletiva.
Nesse contexto, galileus
estavam morrendo, caiu uma torre em Siloé e Jesus conta uma parábola. A figueira
que não dava fruto. Corte a figueira! O capataz disse não. Pediu pra
podar e adubar por mais um ano. Se no ano que vem ainda estiver estéril, cortaria. O dono da propriedade disse tudo bem. Por que Jesus contou isso? Deus não desiste de nós, mesmo quando
frustramos as expectativas dele. Mesmo quando o mundo frustra a expectativa de
Deus, Ele não desiste. O que cuidava da figueira disse não. Jesus diz pra não
cortar. Quando olhamos o mundo nesse perigo total, a mensagem que podemos dizer às pessoas no meio disso tudo é que Deus não desiste de nós! Deus continua dizendo
que é possível reverter essa história. Martin Luther King dizia que, para o mal vencer, basta que os bons
cruzem os braços. Vamos investir na figueira. Ela pode dar fruto ainda!
2. Deus não espera. Deus investe. O senhor do
pomar mandou cortar. O capataz pediu pra adubar. Deus não está num lugar
remoto, num alto trono, se esbaldando, fora da última galáxia do universo,
sentado, olhando o mundo. Deus está intimamente envolvido nas nossas histórias.
Ele está extremamente envolvido com quem está sofrendo, com quem levou uma
rasteira da vida. Quando o rim ou a vesícula não ajuda, quando o filho não obedece, quando o marido não volta pra casa, Deus investe na sua vida para que a sua vida não desapareça nessa
decepção. Ele age. Deus age. E a ação de Deus não é de punição. Ele sabe que
somos pó. Deus não é tirano, principalmente com os que sofrem. Ele não empurra
pra baixo. O sentido da ressurreição é esse. Ele
te dá vida agora. Há vida eterna hoje! Ele é a ressurreição e a vida. Ele quer
nos levantar, como aquela figueira que podia ser cortada fora.
Rubem Alves
dizia: Quando eu tiver perto de morrer, eu quero que as pessoas que me rodeiam
conversem comigo honestamente pra que eu possa valorizar os últimos dias e que digam o que de mim
vai ficar neles. Jesus chorou diante da morte, mas não evitou o tema. Ele dizia
que sua hora estava perto e não ficou em jogo de mentira ou falsas boas expectativas. Tem uma figueira que
está em processo de morte e Jesus diz que vai investir nela. Não sei quanto tempo você ainda tem, mas Deus quer
investir tudo em você. Deus não espera, Ele age.
3. Deus vai com a gente até o fim. Você sofreu
problemas na vida. Deus não te abandonou. Eu já vi muita coisa na vida. Já vi
pessoas perdendo tudo ou ganhando coisas. Casamentos bem sucedidos e que se
acabam. Pessoas jovens doentes e velhos saudáveis. Vi pessoas escaparem de afogamentos e outras sucumbirem diante da correnteza. A beleza do evangelho é que
Deus não desiste. Deus é o rosto amoroso que nos ouve sempre. Ele nunca vai nos
mandar parar de reclamar. Ele vai nos entender. Ele é o que restaura a nossa
vida. Ele faz do nosso lamento um baile. Ele vai restaurar as cores da sua vida. A misericórdia divina triunfa sobre a
justiça. E eu sou alvo da gentileza celestial.
Só pela graça,
João Victor
terça-feira, 26 de abril de 2016
QUANDO OS TEMPLOS CAEM
Sobre Mateus 24
Será que estamos preparados para o
inesperado? Sustos acontecem apenas quando não esperamos o momento deles. É o
assalto, o acidente de carro, os tropeços. Muitas situações nos pegam de
surpresa. Nossas reações diante delas também são incógnitas. Surpresas, que
podem ser boas ou ruins, vêm sempre com uma carga emocional gigantesca. Não estávamos
prontos. Não era o momento que aguardávamos. Não foi no dia combinado. Não foi
do jeito que pensamos.
O fato é que, no que diz respeito ao
tempo, precisamos estar esperando até mesmo o inesperado. As aflições, as
doenças, as provações aparecem e devemos reagir a elas. Entretanto, viver de
expectativas, quer sejam agradáveis ou terríveis, tira um pouco do sabor da
vida. As nuvens avisam quando a chuva virá. Daí, saímos com o guarda-chuva.
Porém, se sempre estivermos protegidos, nunca experimentaremos um bom banho de
chuva.
Viajar sem planos, como uma barata
voadora que não sabe ao certo onde vai pousar, é maravilhoso. Ser surpreendido
por um pôr-do-sol, por ter atrasado durante um trajeto que se encerraria no
começo da tarde e que, por um motivo ou outro, se estendeu ao crepúsculo.
Entrar no ônibus e passear pela cidade toda, conhecendo vários tipos de
pessoas, vários bairros, várias vistas e voltar ao lugar de partida. Aventuras
que deveríamos fazer algumas vezes. Sem planos, desorganizados, aproveitando o
momento, o dia, a vida.
Todavia, há questões mais profundas
abordadas nesse texto. Não estamos falando de viagens terrenas. Não é sobre
sustos “tira-soluços”. Jesus fala de construções. Estruturas sólidas erguidas
pelo homem. Templos que erguemos dentro de nós mesmos ou do lado de fora. Jesus
fala da destruição desse templo. Ou seria “deste” templo? Não ficaria pedra
sobre pedra. Todas as paredes seriam derrubadas. Tudo que passaram anos
construindo seria aniquilado. O dia e a hora em que tudo aconteceria ninguém
iria saber.
O que faz os nossos templos
espirituais caírem?
1. Mentiras.
Muitos prometeriam salvação, mas não seriam Cristo. O problema é que muitos
acreditaram por eles personificarem o tipo de “messias” que as pessoas esperam.
Engano, trapaças, cobiça por glória, poder, por status, honra. Em quem confiar?
Em quem acreditar? Jesus nos adverte não a sermos incrédulos, mas a estar atentos
aos falsos profetas, até porque virão em nome Dele. E isso não é apenas na
ótica religiosa. É relacional também. Relacionamentos baseados em falsidade
tendem a desmoronar. Devemos vigiar. Devemos ser verdadeiros. Se quisermos
assumir postura de Cristo, devemos nos preparar para mais cruz e menos hosanas.
O filho do homem virá e levará os verdadeiros.
2. Guerras.
Não conseguiremos fugir delas. Nações contra nações. Reinos contra reinos.
Abalos sísmicos despedaçariam os templos. E por muitos terremotos precisaremos
passar. São tremores que destroem
castelos erguidos com muito sacrifício. Famílias que se esfacelam por
discussões banais. Sabemos quando isso vai acontecer? Não, mas devemos estar
prontos. A sirene nos avisa quando é hora de fugir e evitar a morte. Guerras e
terremotos são terríveis. Ver os destroços deve ser uma dor incalculável.
Contudo, apenas os sobreviventes contemplam os destroços e podem reconstruir o
que foi arrasado. O filho do homem virá buscar quem permanecer de pé.
3. O
amor esfriará. A temperatura do ódio aumentará. Percebemos isso. É bem mais
prático resolver os problemas expulsando as pessoas que amamos do nosso
convívio do que as perdoando e oferecendo segundas chances. O mundo se isola,
cada dia mais. Redomas de vidro de um metro quadrado são fabricadas para cada
indivíduo para abrigar seus egos. Cada um no seu quadrado. Alguns ainda citam
Paulo e Barnabé, suas desavenças e como cada um foi para um lado diferente. O
evangelho se expandiu, se multiplicou. Não houve divisão. Houve multiplicação.
O amor multiplica, não divide. É pelo amor de um homem e de uma mulher que uma
vida é gerada. O nascimento é uma prova de amor. A ausência de amor causa o
aborto. O amor esfria. Congela. Icebergs afundam navios. Precisam de calor para
derreter e provocarem uma onda de paz. Jesus nos alerta. Vamos vigiar. O amor
está congelado. Vamos aquecer nossas relações. Isso vem com proximidade, afeto,
abraços, perdão. Não sabemos quando precisaremos, diante de um gesto de fúria
ou ódio responder com amor. O amor nunca é a parte gelada do confronto. Frieza
é personificação do mal. O amor aquece a alma, já dizia o cantor popular. O
filho do Homem vai vir buscar aquele que amar acima de tudo.
Não sabemos quando teremos que
enfrentar mentiras, guerras, terremotos, amor abaixo de zero. Devemos vigiar.
Não sabemos o dia nem a hora que nosso templo cairá. Entretanto, sabemos que o
Filho do Homem virá. Como estarei preparado? Cumprirei todas as regras
estabelecidas pela igreja? Ótimo, você será um excelente membro. E se o
cumprimento de todas essas regras religiosamente estabelecidas me fizer obrigar
que todos, mesmo ainda girinos, imberbes, recém-convertidos, a ser como eu,
diligente, proativo, acima da média espiritual das demais ovelhas? Não. Não devo
ser provocador de guerras, mas um arauto da paz. Não devo exigir que todos
tenham a mesma deformação do meu elástico espiritual. É algo particular. Cada
um sabe seu limite. Não devo ser um obreiro exemplar e pai relapso. Não devo de
forma alguma, baseado na minha aparente perfeição, perder a essência do amor e
do perdão, fundamentando minha experiência com Deus a atos punitivos e inquisitórios.
Nosso templo pode ser destruído.
Como me preparo então? Sendo verdadeiro. Reconstruindo o que foi destruído.
Entendendo as perdas. Amando. Permanecendo de pé, até o fim.
Só pela graça,
João Victor
terça-feira, 24 de novembro de 2015
O VAZIO
Baseado no texto de Salmo 46.10
Diz a lenda que Alexandre, o Grande,
queria a todo custo entrar no Santo dos Santos, no templo construído por
Salomão. Ali, havia uma câmara onde os judeus diziam que Deus manifestava a sua
glória. O rei macedônio andava curioso para conhecer esse Deus. Depois que
devassou a cidade e o templo, ele se decepcionou: o lugar era um mero espaço
vazio, escuro e profundamente silencioso. Alexandre não conhecia místicos de
várias tradições da espiritualidade. Muitos haviam intuído que o vazio é
sagrado e o nada guarda mistério.
Salmo 46.10: Aquiete-se. Só assim você vai
perceber que sou Deus. Sinto a necessidade de inundar a mente, feito
menino, com perguntas sem fim: Por
que existe alguma coisa e não o nada? Os confins do universo possuem margem? Por
que, no processo evolutivo, os humanos desenvolveram a angústia? A realidade, nos sonhos, que expõe
o universo do inconsciente, não seria ainda mais real do que o mundo
consciente?
Enquanto martelo essas indagações,
imagino poder alcançar a resposta aos por quês. Sentado ou correndo, penso,
penso, penso. Mesmo sabendo que nunca me satisfarei com a imensidão do
mistério que me envolve, não descanso a curiosidade. Quero respostas não para o como das coisas, necessito tocar o
imensurável com os meus desesperados por
quês.
Semelhante ao imperador, não sei lidar
bem com o vazio sagrado. Loto meus dias de barulho. Vivo apressado. Não ter que
conviver com o nada parece ter força de aliviar o medo da morte. Divertimento,
no sentido filosófico, vira narcótico – miçanga de uma felicidade real. Se o
imarcescível só é percebido no vazio, preciso exercitar o que o profeta
aconselhou: Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do
Senhor… Assente-se solitário e fique em silêncio [Lamentações 3.26-28].
Contudo, precisamos de respostas. E o
texto dá as respostas necessárias. Precisamos nos
aquietar.
Quando enfrentamos dificuldades em nossa vida que fazem parecer
como se estivéssemos num navio que está sendo jogado de um lado a outro num mar
tempestuoso, como podemos permanecer calmos enquanto uma tempestade se enfurece
ao nosso redor?
FIQUE CALMO!!!!!!COMO?
1. LIVRE-SE DOS RUÍDOS
· Não há como estar calmo ouvindo barulho.
Quanto mais você ouve os murmúrios, mais nervoso ficamos. Quanto mais barulho,
mas stress.
· Quanto mais barulho, menos você ouve a
voz de Deus. PARE!!! OUÇA A VOZ DE DEUS!!! DEIXE ELE FALAR.
2. LIVRE-SE DA TEMPESTADE
· Não significa que a tempestade tenha
passado, mas que a tempestade já não está mais dentro de você. Ao redor a
tempestade pode ser terrível e destruidora, mas dentro de você reinará a paz.
Não uma paz baseada na alienação, do fazer de conta que não está havendo nada,
mas a paz baseada na confiança de que Jesus está contigo no barco e ele não vai
naufragar.
3. LIVRE-SE DAS INTERRUPÇÕES
· Os problemas da vida nos fazem parar.
Parar de orar, parar de ler a palavra, parar de buscar. Quando paramos, o mundo
continua. Quando interrompemos o que estamos fazendo, ficamos para trás.
· A obra deve continuar. Filme O Último
Samurai
· Nada na mente – NÃO PARE O QUE ESTÁ
FAZENDO POR CAUSA DAS PESSOAS! NÃO FIQUE PARA TRÁS!
7 VIRTUDES DO BUSHIDO : JUSTIÇA, COMPAIXÃO, BRAVURA, POLIDEZ,
SINCERIDADE, HONRA, LEALDADE
“Eu não tenho espada, faço da perseverança a minha espada”
4. OLHE PARA DENTRO DE VOCÊ : Ezequiel, o
profeta bíblico, comeu um livro repleto de lamentos, prantos e ais. Depois de encher a
barriga, afirmou: Eu o comi,
e na boca me era doce como mel. [3.3]. Como pode um livro de lamentos ser
doce na boca de alguém? Muito estranho alguém gostar de prantear.
Ezequiel precedeu
a fala de Jesus: Felizes –
bem-aventurados – o que choram porque eles serão consolados. Os que choram
conseguem não apenas aliviar as dores do coração; desafogam não só imperativos
triunfais. É feliz quem pode expressar angústia sem o patrulhamento dos
insensíveis. Alguém já disse que poeta
só é poeta se sofrer. É possível dizer também: profeta só é profeta se
aprende a lamentar.
O Tao também ensina:
Trinta raios unem um eixo,
A utilidade da roda vem do vazio.
A utilidade da roda vem do vazio.
Queima-se o barro para fazer o pote.
A utilidade do pote vem do vazio.
A utilidade do pote vem do vazio.
Rasgam-se janelas e portas para criar o quarto.
A utilidade do quarto vem do vazio.
A utilidade do quarto vem do vazio.
SABEI QUE EU SOU DEUS!!!
Todos os nossos pecados foram pagos na cruz do Calvário. Tudo
foi consumado! Tudo foi resolvido. O sangue nos purificou. O sangue nos salvou.
Estamos livres.
O vazio é então preenchido. E não existirá mais.
Quem sabe, a resposta às grandes perguntas da vida habite a
coragem de conviver com o vazio. Nada nos inquietar, senão com nosso próprio
enigma, talvez ajude. A solução que tanto procuramos pode vir não da
racionalidade, mas da noite
escura do não-saber. Como ensinaram os místicos, o convívio com as
profundezas de nosso interior deve bastar. A não-resposta,
a não-solução e o não-sei se irmanam à razão para
nos deixar na companhia do essencial.
O mistério da vida talvez venha do convívio tranquilo com o que
não dominamos. Quem sabe, longe das demandas da competência, sem as vozes da
onisciência, consigamos conquistar o abismo que nos impede de achar o verdadeiro eu - e com ele, o
sagrado. No
templo de Apolo em Delfos, lia-se: Conhece-te
a ti mesmo. Mais
tarde, a mesma frase foi atribuído a Sócrates com um complemento: Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o universo e os deuses.
Jesus de Nazaré avisou: quem
quiser ganhar a vida vai perdê-la e quem ousar perder a sua vida vai ganhá-la.
Em outras palavras: se temos coragem de nos esvaziar da arrogância de tudo
possuir e tudo saber, podemos intuir o inaudível, sentir o imperceptível e
experimentar o indescritível. No silêncio, desvelamos nossa pessoalidade – que nos singulariza em um universo
impessoal. Não seria precisamente esse o maior de todos os segredos?
domingo, 8 de novembro de 2015
Isto é o meu corpo?
Em que estado encontramos o corpo de Cristo? Quantas guerras interdenominacionais temos presenciado? A idolatria pelo "corpo" de Cristo tem minado a fé de muitas pessoas. Valorizam muito mais a placa da igreja local do que a Igreja em si. Por outro lado, há os que não entendem que fazem parte desse corpo e não podem andar sozinhos, independentes. A verdade é que precisamos uns dos outros. Isso é ser corpo.
Entretanto, que significado tem o corpo de Cristo? Em Lucas, Jesus compara seu corpo ao pão. O corpo é pão. O pão é corpo. O corpo é alimento. O pão é alimento. O corpo é a Igreja. A Igreja é o pão. PRECISAMOS DE PÃO, POIS A FOME VEM. Precisamos do corpo porque sentimos fome. Quantas vezes o vazio tenta se apoderar de nós? Falta de pão. Falta de se sentir corpo. Falta de unidade. Quando não nos sentimos um pedaço desse pão, não entendemos o que é corpo.
Passamos a vida inteira reclamando do nosso pão, do corpo. Devemos aprender a AGRADECER PELO PÃO. Por que não damos graças? Por que não agradecer, ao invés de reclamar? Por que não reconhecer o processo pelo qual nosso pão foi fabricado? É necessário entender que o trigo foi semeado, foi regado, foi arado, passou por todos os processos para virar pão, que veio do forno e que deve ser sem fermento. Quantas metáforas. Não precisamos de aditivos para virarmos pão. O corpo de Cristo não precisa de enfeites, grânulos de gergelim ou outros apetrechos para que seja comível. O pão deve ser sem fermento.
Devemos ser pão. Não importa se somos casca ou miolo. Sejamos pão. Agradeçamos ao lugar onde Deus nos colocou para alimentar pessoas.
Contudo, o texto de Lucas diz que Jesus repartiu o pão. O corpo é repartido. Cada um tem sua função, sua razão de estar à mesa. O corpo era de Cristo, mas Ele o repartiu. Os fragmentos se espalharam, sem deixar de ser corpo. O pão foi separado, mas não deixou de ser pão. A questão é essa. Enxergamos apenas a parte de um todo, como cegos tocando um elefante em partes diferentes. Nossas igrejas podem até ter doutrinas diferentes, dogmas diferentes, podem usar roupas diferentes, estilos variados, mas não deixamos de ser do mesmo pão, do mesmo corpo. O PÃO É REPARTIDO, MAS NÃO DEIXA DE SER PÃO.
Além disso, Jesus disse que o corpo nos foi dado. Às vezes, com desprezo, sem entender o processo, sem provar antes, sem nem sequer reconhecer nossa fome, nos perguntamos com um ar arrogante: ISTO É O CORPO? ISTO AÍ? CHEIO DE DEFEITOS? CHEIO DE PESSOAS PROBLEMÁTICAS? Entretanto, algo não podemos negar. O pão que temos nos foi dado por nossa causa, porque precisávamos dele. A Igreja, a comunhão é necessária, é imprescindível. Jesus nos deu a Igreja. Jesus nos deu o seu corpo para que passássemos a ser o seu Corpo. Ao olhar para a Igreja, devemos ver Jesus. Que Jesus estamos exibindo ao mundo? Que Corpo de Cristo temos mostrado? Jesus pergunta hoje: ISTO É O MEU CORPO?
A Igreja é o corpo glorificado de Cristo, vivo. Contudo, passa pela etapa da cruz. Sofre perseguição, é ferida, atacada, mas vence a morte. Essa é a Igreja. Esse é o Corpo.
O que fazemos é EM MEMÓRIA DELE. Como Igreja, nós lembramos Jesus? Nós o homenageamos ou o envergonhamos? Sua memória é preservada quando entendemos a cruz, não ouvimos os gritos da multidão enfurecida e, principalmente, quando perdoamos. Se não soubermos perdoar, nunca seremos Igreja, nem Corpo, nem pão. É isso que queremos?
Só pela graça,
João Victor
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