Total de visualizações de página

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vou ou não vou?


No último domingo, estivemos meditando sobre a Torrente das Águas Purificadoras de Ezequiel. Em virtude do fato de eu nunca ter aprendido a nadar, tenho minhas restrições no meu relacionamento com o mar, com as piscinas, com os açudes, com os rios ou quaisquer outros ambientes aquáticos. Pra falar a verdade, sou um ser extremamente terrestre. Esse meu temor (digo temor pelo meu respeito às águas) me transformou em um pai precavido quando vejo meu filhote tentar se aventurar nos receptáculos de H2O. Acho que, de tanto me observar, ele tem ficado meio comedido também. Afinal de contas, onde estão nossas barbatanas e guelras? César Cielo é mesmo incrível!
Todavia, quando leio sobre as torrentes de águas purificadoras, vejo um homem com um cordel de medir. O que aquele homem mede? Sua função é demarcar momentos. O homem estabelece a distância da terra firme. Quanto maiores as distâncias, maior será a profundidade.
Quem se arrisca a molhar os tornozelos? Que tal apenas experimentar a temperatura da água? Muitos só vão até aí. Querem saber se a "igreja" é fria ou quente. E se a água estiver morna? Hum...Água morna é o ideal. Eles querem sentir. Sentir é bom. Ledo engano. O morno é escatologicamente vomitável. E agora? Se for fria, podemos congelar. Se for quente, o medo é de se queimar. Eis a hora do medo! O medo de escolher. Vou um pouco mais ou fico por aqui? Quer saber? Eu vou.
Para os mais corajosos, a profundidade aumenta. Agora a água está nos joelhos. Se fosse no mar, eu parava nesse ponto. Na piscina, ainda é raso demais. Porém, o texto fala de um rio. Pluvialmente falando, já significaria um risco. A correnteza poderia me derrubar. Água nos joelhos. Joelhos que se dobram em oração. Joelhos que sobem escadarias como pagamento de promessas. Joelhos que clamam por milagres. Joelhos que clamam por dinheiro, prosperidade. Água nos joelhos. Será que não posso me arriscar mais? A água está tão agradável. Quero mais! Meus dedos ainda não estão enrugados. Quer saber? Vou vencer o medo. Não quero só bençãos por meio de orações. Eu vou adiante.
Chego com as águas em meus ombros. Minhas mãos estão na água. Faço alguns movimentos. Tento aprender a nadar. A correnteza é forte, mas me mantenho firme. Muitos vão até aqui. Entretanto, a cabeça ainda está seca. Não molhei os cabelos. Além disso, continuo olhando para a margem. Estou distante. Esse meu olhar para a beira do rio ainda me deixa inseguro, pois penso que a terra ainda é meu lugar. Muitos pensam assim. Gostam dos cultos, participam das programações, são fiéis nas contribuições. Contudo, seus olhos ainda estão fora da água. Será que é hora de ousar? Será que conseguirei nadar?
Ainda tímido, mergulho. Que sensação maravilhosa. A água escorre no meu rosto. A alegria me invade. Vou vencendo o medo. Nasce em mim um súbito desejo de me jogar. Deixar meu corpo sob o domínio dessas águas. Lembro então que não sei nadar. Que me importa? Ele me faz flutuar. E quer saber? Não quero jamais sair desse rio. E a margem? Deixa para os medrosos!

Só pela graça,

Pr. João Victor

6 comentários:

  1. Tai nadou!
    Um ósculo meu amigo!
    Darckson Lira.

    ResponderExcluir
  2. Mui profunda essa passagem, mas algo me chama a atenção em especial, no versículo 6 o Homem traz Ezequiel de volta à margem, e só então ele pôde contemplar as árvores ao redor do rio...
    Acho que as vezes é necessário voltarmos á margem; ao nosso primeiro amor, para não nos afundarmos na religiosidade. (corrija-me se estiver errada).

    ResponderExcluir
  3. Corretíssima Edileusa...Falo a respeito disso na matéria "Voltando ao Ventre". Quando voltamos à margem, após os momentos de natação, percebemos coisas que não percebíamos antes, quando éramos medrosos e não acreditávamos em nós mesmo...Belo comentário.
    PAZ!

    ResponderExcluir
  4. Espero conseguir mergulhar o mais profundo. Lindo texto. Que Deus abençoe.
    Paz sempre

    ResponderExcluir
  5. João, belissimo!
    Como ainda não entendo o suficiente, desse misterio de pregação(ainda mais, PROFUNDO assim), me atenho a parabenizá-lo pela beleza e honestidade com a qual dissertas-te.
    Um dia quem sabe, consiga molhar meus cabelos??!!

    ResponderExcluir
  6. Não entende é? Que modéstia! Fico feliz que tenha gostado meu amigo!
    Eu ainda temo, de vez em quando, esses meus desvaneios...Mas é tão bom...Não consigo mais ficar sem nadar!
    Abraço, amigo!

    ResponderExcluir