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sexta-feira, 19 de março de 2010

Voltando ao ventre...



E se nós pudéssemos voltar ao ventre de nossa mãe e nascer de novo? Não vejo nenhum tipo de ironia na pergunta de Nicodemos. Vejo uma possibilidade. Por mais difícil de explicar que isso pareça ser, precisamos sim voltar. Rever conceitos e valores, reconstruir, como dizia a belíssima canção do Grupo Rebanhão, do final da década de 80, século passado.
Voltar ao ventre é voltar às origens. É pregar contra a venda de indulgências, prática mais comum nos dias de hoje do que nos dias de Lutero. É lembrar-se dos pais da Igreja, dos apóstolos que foram mortos por amor ao evangelho. Ah! É aprender com Spurgeon, Moody, Wesley. É aprender a doutrina da graça com Calvino e Agostinho. Quanto mais perto da Igreja primitiva, menos seremos influenciados pelos "telefones sem fios" doutrinários.
Voltar ao ventre é proclamar o evangelho nas praças e não procurar apenas microfones e holofotes. É ajudar os necessitados, é compartilhar o pão e não se exaltar por isso. É ter uma vida de oração e ter irmãos que oram enquanto estamos encarcerados pelas lutas do dia-a-dia. É saber que existem joelhos que não se dobraram diante de deuses mortos enquanto estamos na caverna. É estar certo de que esses mesmos joelhos estão curvados em oração pela nossa vida. Na verdade, as cavernas representam bem essa volta ao ventre, pois lá percebemos que não estamos sós. A caverna serve de placenta. Porém, chega o momento de sair dela. Chega o momento de nascer.
Voltar ao ventre é sentir-se protegido, amado, acolhido por um Deus que é Pai e Mãe. É ter intimidade, mas não apenas uma baseada em relações sobrenaturais ou em "êxtases" transcendentais, mas uma intimidade verdadeira, real, natural, pessoal.
Acho que necessitamos desse retorno. Não sob uma forma de hipnose ou através de uma regressão, mas através de um novo olhar para cruz. A cruz nos deu a chance dessa nova vida. A cruz tornou possível a volta ao ventre. Quiçá, após essa experiência de voltar ao ventre e nascer de novo, não em outra vida ou em outras épocas, mas nesta mesma, possamos ser mais humanos, mais gente, mais crentes!

Só pela graça,

Pr. João Victor

2 comentários:

  1. Primoroso! me fez recordar uma propaganda antiga(não me recordo de que) em que duas crianças conversavam num ventre, quando uma pergunta a outra será que existe 'vida' após o parto?, e a resposta inocente é: não sei ,numca ninguém voltou para contar.
    Quem sabe 'voltar ao ventre', não nos ajude realmente a entender o que é a 'vida'.

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  2. Muito boa Dr. João Victor: a maturidade em todos os sentidos (mormente os positivos) sem dúvida bateu à sua porta!
    Tenho assim grande respeito por suas reflexões.
    Te amo amigo!
    Darckson Lira.

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